terça-feira, 22 de abril de 2014

Generalizar

Diz que generalizar é fácil. É fácil, é... Deduzir, supor, inventar é fácil. Generalizar não.

Quando deduzimos, supomos ou inventamos alguma coisa sobre algo ou alguém podemos fazê-lo no infinito limite da imaginação. Se é real, se é despropositado, se é acertado, se é ridículo, não faz mal! É um suposto, é uma dedução, tudo no campo do subjectivo. Cabe depois à realidade (e às diversas realidades de cada um) confirmar ou não.

Agora generalizar... Caramba! Para construirmos uma generalização já é preciso termos passado por duas ou três semelhantes. Tivemos de viver, de presenciar ou de conhecer, pelo menos, um par de vezes esse "mais do mesmo" sobre qualquer coisa. Por isso não é nada fácil! Dá trabalho, requer experiência, ponderação, reflexão, raciocínio, reconhecimento e associação. E demora tempo. O tempo que a essa característica que será generalizada se repita. Às vezes o "não há duas sem três" acontece de seguidinha, outras vezes demora anos. Mas o tempo está lá, na construção da generalização.

"Ai que é tão feio generalizar!". Pois sim, quem o acha será então o particular de entre uma generalização, que se ofende por se ver incluído numa regra da qual sabe ser excepção. Ainda bem! Que bom que hajam os particulares dentro (ou, melhor, fora) das generalizações. E quantos mais particulares houverem, maior é o contributo para a inversão da generalização: generaliza-se o que era particular e a então generalização passa a ser o particular.

Todos generalizamos. Acredito eu. Pode ser sobre a coisa mais estúpida e irrelevante, pode ser sobre o assunto mais sensível e polémico, mas tendemos todos a generalizar sobre alguma coisa. E esta é a primeira generalização que faço neste blog.